Sua empresa possui medidas práticas para o combate à violência doméstica? Embora a violência doméstica possa ocorrer em casa, seu impacto se estende a todos os aspectos da vida das vítimas, incluindo sua vida profissional.
Por isso, é papel de todos estar ciente dos sinais de violência doméstica, para que as vítimas possam ser ajudadas.
Neste artigo, vamos falar sobre esse assunto delicado e tão necessário. Aqui, você vai encontrar medidas práticas que as empresas podem tomar para combater a violência doméstica, não só durante a campanha Agosto Lilás, mas o ano todo.
O que é Agosto Lilás?
Agosto Lilás é uma campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.
Esta campanha surgiu por meio da Lei Estadual nº 4.969/2016, com objetivo de intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher, divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes.
A campanha nasceu em 2016, idealizada pela Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM), para comemorar os 10 anos da Lei Maria da Penha, reunindo diversos parceiros governamentais e não-governamentais, prevendo ações de mobilização, palestras e rodas de conversa.
Desde então esse movimento vem se fortalecendo e consolidando como uma grande campanha da sociedade no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.
O que significa Agosto Lilás?
Agosto Lilás significa um período dedicado a prevenção e combate à violência doméstica. Ou seja, durante esse mês, instituições públicas e privadas realizam ações para reforçar a importância da proteção dos direitos das mulheres e da promoção da igualdade de gêneros.
Como a violência doméstica afeta o trabalho?
A violência doméstica inclui violência física, sexual, psicológica e econômica, bem como controle coercitivo, realizado por um parceiro íntimo. Isso pode incluir, por exemplo, controle sobre as interações sociais e autonomia das mulheres, controle dos filhos, controle verbal, emocional, econômico e ameaças de abuso e violência.
Tudo isso pode ter consequências psicológicas devastadoras, afetando a confiança da mulher, sua capacidade de deixar um relacionamento violento e de manter um emprego significativo.
O impacto da violência doméstica tornou-se uma questão importante no local de trabalho.
Por exemplo, a violência econômica tem um impacto direto na capacidade das mulheres de trabalhar, como impedi-las de ter dinheiro suficiente para as passagens de ônibus para chegar ao trabalho ou para comprar roupas adequadas para o trabalho e, às vezes, parceiros violentos quebram as ferramentas de trabalho das mulheres ou as tiram fisicamente de seus locais de trabalho.
Mesmo que um abusador não tenha controle econômico sobre a vítima, eles tentam evitar que seus parceiros ou ex-parceiros cheguem ao trabalho, fazendo com que eles se atrasem ou faltem ao trabalho.
Os abusadores também podem ligar, enviar e-mails ou mensagens de texto excessivamente para as vítimas enquanto estão no trabalho, entrar no local de trabalho ou perseguir a vítima.
A violência doméstica afeta a participação plena e ativa das mulheres no mercado de trabalho, uma vez que muitas mulheres em situação de violência doméstica acabam deixando seus empregos.
Também pode afetar a segurança das vítimas e de outras pessoas no local de trabalho, incluindo colegas, empregadores ou clientes.
Impedir que isso aconteça e apoiar as vítimas de violência doméstica no trabalho pode salvar a vida das mulheres.
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Como identificar os sinais de alerta?
Os líderes, o RH e os colegas são essenciais para perceber a violência doméstica e estão em uma posição única para oferecer apoio.
Primeiramente, os gerentes e toda a empresa devem receber treinamento sobre como reconhecer os sintomas de violência doméstica, que podem incluir absenteísmo, depressão e evidências de danos físicos.
Frequentemente, é possível ver um padrão de abuso no local de trabalho antes ou sem um funcionário pedir ajuda:
- Problemas de pontualidade: estar atrasado ou ausente, solicitando ausência por necessidades médicas;
- Lesões físicas são visíveis;
- O funcionário mostra desempenho reduzido ou dificuldade de concentração;
- A pessoa abusada tem dificuldade em se comunicar com os outros;
- Colegas de trabalho ou o funcionário tem medo de que um agressor venha ao local de trabalho;
- O agressor liga, envia e-mails ou mensagens de texto para o funcionário ou outras pessoas no local de trabalho;
- Batalha prolongada pela custódia da criança usada como método de controle ou coerção;
Por outro lado, os empregadores também podem ficar cientes de que um empregado está cometendo violência doméstica durante o horário de trabalho ou usando recursos da empresa para se comunicar com a vítima.
Assim, é fundamental que colaboradores comuns e a liderança do local de trabalho aprendam como reconhecer os sinais de alerta e os fatores de risco da violência doméstica e a entender quais apoios estão disponíveis.
Isso ajuda a acabar com a ideia de que a violência doméstica é um assunto estritamente privado e ajuda a aumentar a segurança no local de trabalho.
Estou preocupado com uma colega de trabalho. O que eu posso fazer?
- Reconheça os sinais de alerta: um bom ponto de partida é reconhecer os sinais de alerta de comportamento abusivo e reconhecer quando uma situação é de alto risco.
- Quebre o estigma: é importante lembrar que o isolamento está sempre presente em um relacionamento abusivo. Para combater o isolamento, os colegas de trabalho devem ir além da ideia de “cuidar da própria vida” e quebrar o estigma em torno da violência doméstica.
- Fale com a pessoa: para interromper o isolamento, aproxime-se do trabalhador em hora e local apropriados. Deixe-os saber que você está preocupado com eles. Atenha-se aos fatos, por exemplo, você pode dizer “Eu ouvi seu parceiro gritando com você no telefone…”
- Seu objetivo é abrir a porta para suporte: para fazer isso, certifique-se de que sua colega não sinta que você está julgando ou tentando consertar a situação.
- Seja gentil: continue a conversa fazendo perguntas como: “Você está bem?” ou “Você quer conversar?”
- Mostre a ela que o suporte está disponível: o próximo passo após expressar preocupação é encaminhar seu colega de trabalho a uma rede de apoio à violência doméstica.
Se você acha que alguém está em perigo imediato, ligue para o 911.
Caso seja possível, converse com a pessoa que está sofrendo violência doméstica antes de ligar para a polícia. No entanto, quando existe uma ameaça de perigo imediato, isso pode não ser possível.
Ao aprender alguns dos sinais de alerta, você pode se sentir mais confortável oferecendo um ouvido solidário e aproveitando a oportunidade para ajudar uma vítima de violência doméstica.
6 ações para apoiar a campanha Agosto Lilás na empresa
O RH desempenha um importante papel, desenvolvendo ações para disseminar conhecimento e levar o debate da violência doméstica para dentro da empresa. Ou seja, a área ajuda tanto no alerta quanto no combate.
Algumas ideias de ações para lidar com o assunto:
1. Produzir materiais informativos
É importante ter uma campanha diversificada contra a violência doméstica. Pensando na educação dos colaboradores e sensibilização, é recomendado elaborar materiais informativos nos formatos impressos e online.
Como o assunto é delicado, muitas vezes a vítima se sente constrangida e, por essa razão, o ideal é que ela tenha a possibilidade de acessar os materiais informativos em casa também (pelo e-mail, por exemplo).
Nesses materiais, certifique-se de abordar diversos aspectos como sinais de um abusador, indícios que mostram que o colega está sofrendo violência, como tratar o assunto e quem procurar para pedir ajuda.
2. Ter um canal de comunicação
Outra maneira de ajudar no combate à violência doméstica é fazer com que os colaboradores se sintam à vontade para relatar casos de abuso.
Para garantir o anonimato e preservar a pessoa, o RH pode disponibilizar de canais de denúncias confidenciais.
Nesse caso, certifique-se de ter pessoas preparadas e treinadas para ouvir as vítimas e que tenham uma escuta ativa.
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3. Abordar o assunto no onboarding
O combate à violência não deve acontecer apenas no Agosto Lilás. Sendo assim, um jeito de fazer os novos colaboradores também se conscientizarem sobre o tema é, ainda na integração, apresentar materiais educativos e as ações que eles podem tomar caso identifiquem um caso de violência ou até mesmo se forem vítimas.
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